quinta-feira, 11 de setembro de 2008

tudo passa... passa?

"Vovó Genoveva sempre diz que o amor é como uma peça de cristal: bonita e frágil. Parte-se facilmente, e, quando parte, não tem mais conserto. De uma coisa tão bela sobrem apenas os cacos feios, afiados, perigosos. Tenho refletido sobre a lição de vovó. Ora, vovó! Os cacos a gente recolhe, joga no lixo e pronto: "acabou-se a história, morreu a vitória!" Tão fácil. Tão fácil? Acabou-se a história? É o que você pensa! E as lascas, os pequenos estilhaços que se escondem e ninguém vê? São os mais perigosos, quase invisíveis, perfuram... Espalham-se por toda parte e, quando menos se espera, nos ferem, tiram sangue... É o que sobra do amor. Os estilhaços não seriam, por acaso, os sentimentos ocultos? Quando a gente pensa que o amor morreu e o interesse sumiu, que está livre, nada mais restou, de repente, ui! Uma espetada que dói, uma recordação amarga, um desejo de vingança. Era o que se passava comigo." ¹

É, Geana. Mas não é isso o que se passa comigo. Não é isso o que eu sinto, mesmo com o cristal partido em cacos, mesmo este no lixo; não é isso. E eu não sei o que é.

¹ trecho de "Crônica de uma Namorada", Zélia Gattai.

Um comentário:

  1. mas, em sua maioria das vezes, vale o tempo por enquanto que a bola de cristal existe

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