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a rua está parada, sempre parada. de vez em quando passa um vento, mexe nas árvores. de vez em quando passa um carro, faz um barulho. de vez em quando aparece alguém caminhando, lá do fundo, mas logo, logo passa para a outra rua e some. eu, em vão, tento acompanhar seus passos: as árvores, a distância e os meus velhos astigmatismo e miopia me impedem de ver mais adiante, acompanhar quem quer que seja, o que quer que seja.vejo a minha vida transposta no movimento da rua. e isso é triste. me vejo preso em casa, sem ter pra onde ir. são sempre os mesmos lugares: cozinha, sala do computador, televisão, quarto da mãe, quarto das irmãs, sala... e o meu quarto, aquele que é cheio de coisa, cheio de idéias, cheio de penduricalhos... mas que não vão pra frente, não seguem seu curso, nunca ficam prontos ou nunca são entregues a quem quer que seja.
minha vida está muito parada. me sinto preso, quero sair. quero quebrar essa bolha de vidro e viver, simplesmente. quero contato, quero contact. quero teatro, que música, quero cultura, quero revolução, quero brigas, quero discordâncias, quero amores, quero casos, quero inimigos, quero desavenças, quero pôr-do-sol, quero o nascer também, quero barra, quero ondina, quero campo grande, quero pelourinho, quero pituba também, quero favelas também, porque salvador não é só corredor da vitória.
chega de ilusões, tudo visto por uma bola de cristal. quero quebrá-la, já disse. limites são bons sim. mas são bons de quebrar também!
sinto que vai acontecer muita coisa ainda. é como se fosse aquele livro: você está quase no meio, ou já avançou um pouquinho dele. muita coisa já aconteceu. mas você sabe e já te disseram que muita coisa ainda vai rolar. não quero ficar na bola de vidro e só ver passar. quero viver essas coisas também. quer viver, quero ser, quero estar. danem-se os dezoito anos e a tal liberdade e o tapa na cara que a gente recebe quando sai da saia da mãe. quero viver intensamente, agora. dane-se o 'live fast, die young'. a vida é feita pra viver devagarinho, sim. mas o meu devagarinho está sendo muito lento. quero mais ação, quero mais adrenalida, endorfina, seja lá o que for. quero vida, quero vida, quero vida.
não quero tudo de uma vez, não quero um turbilhão e que tudo se acabe num segundo. quero muita coisa, devagar sim, só que mais rápido do que está.
sabe, só não quero ficar aqui parado esperando as coisas acontecendo. quero correr atrás.
"então corre, vai atrás!"
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dando os devidos créditos ao andré pela idéia dos limites bons, bons de serem quebrados.
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