sexta-feira, 20 de novembro de 2009

sempre.

A imagem de cabelos loiros e vestido azul me atraiu o olhar naquela madrugada. Lá fora as folhas caiam no chão e eram pisadas pelos rapazes que se embebedavam num bar chamado “A Dama da Noite’. Vênus dizia 27 e eu 33. A silhueta do meu plano mal se formava e o tecido de um azul-mar me envolvia as canelas. Noite fria, porém aconchegante. O sol do inverno nunca me fez mal à pele. O vermelho de bocas também nunca me foi atraente, para que saibas logo de primeira mão. São os sete anos que nos envolvem nesse mundo de carros luxuosos e lustres de castelos. Nada disso eu quis. Mas tudo assim ficou acertado e eu acabei por me acostumar. No final tudo fica bem mesmo, eu sei. As horas de travesseiros e gritos abafados duram pouco. (...) Aquele corte na nuca nunca te fez mal. Afinal, todo o mundo se machuca, não é mesmo?
Todos de joelhos, pedindo um pouco da sua voz. O mar azul, o céu estrelado... O que me dá é a vontade de sair correndo e me jogar no mar, e nadar, e voar, e boiar, e flutuar...
E com 27 dias contados a dedo logo após o mar sucumbir à petulância de retornar ao centro da Terra, seus longos dedos cometem o mesmo ato de acariciar os meus pensamentos. Não quero, eu já lhe disse. Disse-lhe da última vez que te vi. Naquela despedida; café, cigarros, circo de sangue. Café? Derramado. Leite evaporado. Tudo foi pro Éden. Setenta por cento de álcool e as veias enganam as tripas que fizeram do coração.
A Penélope disse “Bom dia!” e a luz fez três.
“Como vai o senhor nesse dia de sexta-feira?”. O que lhe importa, Penélope? Amanhã não é dia 26 e eu nunca estarei feliz nessa mesa. Sempre lhe peço para ficar o mais próximo possível do banheiro, mas a droga da mesa está sempre reservada para um tal de Senhor F. que nunca, NUNCA aparece. Faniquito. Síncope. Doença, morte. E vida, Severina!
Esta noite eu ouvi dizer que haverá sangue nos banheiros. Agarra em mim e não se perde na multidão. Quanto amplificadores aquele cara tem?
(...)
E é só. A noite não vai ficar aqui pra sempre. Nem minha memória e muito menos minhas palavras. Já se faz hora de eu me calar. Peço só mais um copo, a dose final; depois parto para casa, deitar na cama, procurar nos lençóis e não encontrar. Dormir com um sorriso no rosto não é uma felicidade pra mim. É sempre ___ se achar sozinho na cama.

Um comentário:

  1. Como faz pra escrever tão bem assim ?
    E me encantar cada vez mais assim ?

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