quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ele mirava em si mesmo naqueles espelhos.

Ele mirava em si mesmo naqueles espelhos. Mirava-se e atirava quase que se bombardeando naqueles espelhos, naqueles grandes e pequenos, finos e grossos... dos mais variados tipos de espelhos que estavam justamente ali, naquela sala que mais parecia um banheiro. Bem, não tinha privada nem chuveiro. Algumas pias talvez – para as pessoas molharem os rostos ao acharem que estão loucas, creio eu. Mas o que mais deixava aquele local com ar de banheiro eram os ladrinhos, e, com toda a certeza do mundo, aquele cheiro irritante de banheiro, daquele “bom ar”.
Depois de guerrear contra si mesmo, cansou, óbvio. Encostou-se num desses cantos meio tortos que haviam ali. De tão cansado, adormeceu. Não, realmente adormeceu. Passaram milhares de insetos pelo seu ouvido e ele nada ouviu, continuou adormecido. Parecia até a bela adormecida...
Num sono profundo, ele sonhou que estava numa sala como a que estava, e que ele estava atirando em si mesmo, da mesma maneira como havia feito. E que depois foi dormir e que adormeceu que nem uma pedra; que passaram tigres, leões e hipopótamos ao seu lado e ele nada ouviu, e continuou a dormir. E que sonhou que tudo aquilo havia acontecido também. Mas ao invés de tigres, leões e hipopótamos, passou uma banda inteira e ele não acordou. E mais uma vez que aconteceu tudo aquilo. Só que dessa vez passou uma brisa fraca pelo seu queixo, como se estivesse acariciando-o. E dessa vez ele acordou. E acordou de todos os sonos de uma vez, numa rapidez bastante rápida. E ao acordar, não estava mais naquela sala/banheiro dos espelhos, mas sim numa sala branca com algumas manchas borradas roxas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário