sábado, 23 de maio de 2009

caetano está certo.

é o não começar a conversa, é o fugir dela; é o querer falar, mas as palavras não saírem. é o falar um "oi" querendo na verdade dizer um "eu te amo"; é o não ter assunto porque tudo o que havia de ser dito já foi dito e o que há de ser dito não há como ser dito. não assim, de qualquer jeito. mas se não desse jeito, qual outro? ficar planejando o que dizer não é uma coisa boa. justo pra mim, que não quero e não planejo mais nada. aquilo que tá entalado na garganta, só os olhos conseguem traduzir. e acho que os olhos não estão abertos o bastante. as pálpebras estão pesadas, cerradas; o olho cansado de sonhar. o olho cansado de chorar. chorar de quê? chorar de não tentar, chorar de tentar a tentativa e não conseguir. de não tentar e conseqüentemente não conseguir. falo em silêncio, cruzo as pernas, balanço os pés... o parquinho ficou vazio. só eu, no banco. o vento passeia pela minha nuca; acho que encontrei meu ponto fraco central. as portas já não existem mais. o corredor pelo qual eu caminhava já está distante, saí do castelo. não existe porta na rua, na rua que eu quis correr, solto, feliz, liberto. e pá, de cara com o vento. por palavras que nem inscritas num papel verde podem ser expressas. não corretamente, não como eu realmente queria. será que existe alguma ação, algum gesto que traduza isso tudo? seria tudo tão mais simples... mas não. nem o olhar consegue. meus olhos cansados... fechados... cerrados. um simples não pensar resolveria tudo? mas eu não quero fazer pra ver no que vai dar. quero fazer tendo total consciência do que nisso vai dar, sabendo que é isso que eu quero, que eu estou fazendo por causa disso. quero não. vou. porque não faria isso se eu não tivesse plena consciência.
será que essa demora toda é por causa disso? mais uma besteira minha? será que já não chegam de besteira? quantas vezes eu não disse o que eu tinha que dizer por causa de qualquer besteira? não, não peço pra voltar no tempo. peço pelo presente, peço pela motivação, peço pelos olhos abertos, pelo sorriso no rosto, pelo caminhar leve, pelos lábios e mãos carinhosas, pelo cheirinho doce, pela praia a noite, pelos abraços, pelas... por tudo. por ela, por tutti.

(...)

e o caetano diz aqui no pé do meu ouvido: pra que rimar amor e dor?

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