Esses são dias estranhos. Dias de ruas verdes e olhos queimados. Dias de calor e nuvens cinza. Dias... Dias de camisas vermelhas e calças brancas. Dias de toques no braço e fios brancos na barba. Dias nos quais eu me lembro que de tanto desejar a ruivice, consegui alguns fios na barba, essa barba que está grande até. Dias que eu penso em raspar a barba. Porque raspar a barba não é um ato simples. Não é fácil ir ao banheiro com uma gilete e... E passar a lâmina fria no rosto molhado, ou espumado. Não, não é assim. Não é fácil como éter. Não é tão fácil como não atender um celular. Atender um celular ou não atendê-lo também não é das coisas a mais simples.
Talvez seja o brilho do sol ofuscando meu olhar. Ou o brilho do seu colar. Talvez seja o olho se acostumando a enxergar com as lentes dos óculos.
Nesses dias azul-pastéis, de árvores verde-musgo e sol amarelo-manga, a única coisa que eu desejo é sentar-me debaixo de uma árvore de tronco imenso, maior que a imensidão daquele seu brega-coração. Sombra, água fresca (e gelada, caso o dia esteja quente como o que foi hoje): não é isso que eu quero de debaixo da árvore. Dela eu não peço nada. Eu aceito o que ela quiser me oferecer. E não a obrigarei a aceitar passivamente a minha presença. Se ela não me quiser por perto, que peça às formigas ou aos mamões que me mandem embora com um aviso singelo, um simples formigar no bolo ou mamão na camisa, do amigo, claro. Porque árvore não tem brega-coração, mas raízes de salada. Não, por favor. Não de salada que a gente encontra na geladeira de casa. Falo de mistura, falo de folhas, falo de árvore. No caminho das árvores, não somos nozes. Nunca gostei de Natal, então pronto.
Só deixo um recado para você, você do brega-coração: abre a porta de minha casa e pega a jarra de água na geladeira. Depois você decide se vem me encontrar no quarto ou se continua no cozinha e faz uma omelete.
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