as cortinas são amarelas. ela está de saia. e eu de calça, como sempre. estão pintando a rua de verde. e as nuvens estão com muita pressa no céu, dá pra ver. dá pra ver, mesmo com as cortinas. outro dia elas eram laranjas. mas agora estão amarelas. ou é o salitre ou você anda economizando algumas nicas e aumentou o seu estoque de cortinas coloridas.
- canta uma canção de amor pra mim?
eu consegui ouvir, mesmo de longe. desci correndo as escadas, mesmo com o cabelo sujo. corri tão depressa que ia te alcançar em um minuto. a casa abandonada nunca pareceu tão alegre pra mim; as árvores parece até que sorriam, dizendo pra eu correr mais rápido, mais rápido, mais rá... pido. e eu parei. dei um suspiro, olhei pro chão. fiz um coração com os pés... e toquei a campainha.
nem precisava. você já estava no banco do lado de fora e eu nem tinha percebido. fez um psiu e deu um sorriso sem mostrar os dentes, mas mostrando todo o amor que haveria na minha canção. me passou o violão e... e eu cantei. cantei a mais bela canção de amor que já existiu. a sala se encheu de balões e botões, os de rosa e os de costura. todos os três vermelhos. ou seriam... não, deixa pra lá. vermelhos mesmo. e um monte de cristais onde o sol batia e refletia luz nos nossos rostos; e nossos olhos parece que eram quatro desses cristais. se eu estivesse de óculos, seriam seis. é, besteirinhas minhas nunca hão de faltar.
algumas pessoas abriram as portas de suas casas pra saber o que estava acontecendo no corredor, mas a gente nem deu bola. a gente nunca dá bola. o mundo passa todo devagar pela gente. o mundo... o mundo se eleva um instante enquanto a gente se olha. e esse instante dura pra sempre. pra sempre. nos meus olhos, na minha mente e no meu coração.
Lindolindolindo, nem preciso dizer mais.
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