o cântico de horror que eu tinha profundo em minha garganta dilui-se com o tempo e com a água que bebo. perdem-se os nutrientes, o corpo é afetado pela sensibilidade extrema das cordas vocais. tudo fluindo, num fluxo contínuo e... e mágico? não, nem tudo é colorido nesse mundo de magreza e aspereza vocal.
enquanto no chão um pombo atropelado se debate pela última vez, eu derramo cristais azulados e fito-lhe a nuca. nunca que eu teria visto isso se eu não pensasse em viajar para acolá. aqui é o sempre e eu nunca o quis. sempre fora assim e isso fora um aviso celeste de que deveria permanecer onde estou. meu lugar é onde estou; meu corpo, mim.
amanhã já não é mais um novo dia. as coisas se perdem na neblina e nunca mais as achamos porque elas diluem-se também nas nuvens que passam ligeiro; ligeirinho. um iglu a derreter, uma madona a chorar. é tudo exemplo. tudo corre rápido: o vento, o pássaro, o dia, a canção. onze minutos não é nada. isso, claro, com parâmetros. mas, mesmo assim...
não sei se me expresso muito claramente ou se me exploro o bastante para expor-me aqui neste pedacinho de... de quê mesmo? as palavras faltam ao luar, s. e tu sabes muito bem que.
agora eu me assemelho muito mais a um bicho, esse que sempre fui realmente. aquela coisa de: dentro de mim mora um outro. “mas olha só: ela está chorando!” por pouco não fui eu. e o dia já passa assim mesmo que eu nem me preocupo mais com o corpo saudável ou a mente pesada dos outros. tenho a mim mesmo, pontifícia muscular horrenda. maior ou menor, crianças horrendas, as bonitinhas também: mais ou menos, tudo é assim. mistura, dá no mesmo. o fim é sempre o mesmo, s. entenda de uma vez: o fim é sempre o mesmo. e não importam os cânticos de horror próprios, não importam as crianças internas: tudo morre no fim.
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