quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

haust.













eu deveria andar de um lado para o outro, carregando, com meus passos, os pássaros de mi mente. tanto tempo que eu te queria aqui e nada. nada no bolso ou nas mãos, desencapando, assim, um pouquinho da minha inocência feita de botões vermelhos e pretos. eu poderia te mostrar a palma da minha mão, mas não quero ser evasivo, não quero persuadi-lo do contrário que todos nós somos feitos: poeira cósmica, uma explosão de estrela interna que habita cada um, com cada brilho, cada ardência, na sua cadência, uns mais encorpados, outros incorporados. o que falta aqui é o vento que se sopra quando se está furioso, desafiando o oceano e as correntes do céu que um dia sonhei alcançar. hoje já não mais, pois te tenho aqui comigo para poder andar nas terras distantes. para quê conhecer um algo a mais se nem conheço a mim mesmo, ao aqui? por isso eu sonho como gato que desemboca no rio a aguardente que ferve meu sangue quando não quero, não posso. quero luscificar meus momentos em terra, quero sonhar cada vez mais alto e permanecer fincando minhas raízes nesse solo profundo de terra em chamas, terra molhada de suor, terra que eu só vejo em botões, de outras cores que não as minhas, mas também as minhas, eu sei, misturadas ao que não sou eu, mas que posso ser, pois que sou eu e todo o mundo, ao redor, rodando, gritando todos os josés e marias e chicos e anas que um dia também fincaram os seus pés no céu. deixo-te, portanto, a chave para que abras a porta, aquela que um dia eu cantei ao pé do teu ouvido minúsculo de formiga que não enxerga a luz do dia, só sente as vibrações dos meus arrepios lacônicos, emanando, aos poucos, as lágrimas que se acumularam durante nanoanos dentro do teu ventre inexistente. penses por mim, assim, tendo em vista as cores do arco-íris que te dei naquela manhã de domingo, no parque, repleto de anas, marias, chicos e josés fincados aos nossos pés, ao nosso ver.

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