não, não me faltam palavras. falta senso comum, sentimento longínquo, obliqüidade. falta batimento cardíaco, chão, fireplace, ossos quebrados e crânios espalhados pelo cemitério que é a cama em que durmo. livros não faltam, disso não posso - e nem irei - reclamar. televisão, summer de inverno, pacotes perdidos, enumerações sem fim.
é a coisa do barroco, mesmo assim. psicologicamente ativo, a menina descansando em seu ombro esquerdo, como sempre fez às tardes de domingo quando do sol se pôr. imagens relativamente baratas e desgastadas, mas que sempre funcionam... ou não. porém. porém, são exaustivamente usadas por poetas de bairro.
salvar agora, de quê adianta? a memória falha, mas não tarda. a limeira que dá côco, o cachorro a boiar na praia grande. todas cenas cotidianas de jornalistas de porão. o que eu realmente quero dizer? pergunte a si mesmo.
eu não quero evitar nada, quero simplesmente fazer uma projeção baseada no clima passado. o que observamos entre 1947 e 76? invernos rigorosos no sul/sudeste, a mama desmatada do seio particular. a geada de 75, o golpe mortal do café. tudo soja, tudo soja. noventa. sem ponto cardeal, sem fim.
os seres humanos sem fim, a humanidade concentrada, suco não-palpável. sem paladar não há sinestesia. setenta mil mortes na índia. não sei o que me espera. não faço planos, faço livros. livros e mais livros, engulo, goela abaixo, sem mastigar, mas mais por prazer do que por esforço. é a questão do gostar. e do querer. maria, deixa-me quieto. em paz. no meu canto. com pássaros burilando o meu cóccix. e a omoplata.
caminho até a lua. uma linha que designa progresso (diferentemente do círculo não). piano sintético, som de morrer de amor. é isso. acho que a vida é assim. e não houve até o segundo antepassado quem negasse a minha afirmação primordial do nascer-e-morrer em corpo de mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário