a correria dos dias quase me toma as horas por completo. quando penso em fitar aquele porta-retrato que ela me deu dois anos atrás não sei mais se desisto para poder estudar ou se simplesmente fito-o, fazendo uma escolha que pode ser sim proveitosa para o meu futuro. mas, se ao redor de tudo sempre haverá xícaras, enfim, o que poderia eu fazer além de questionar-me os atos, as atitudes brutais que venho declamando bosque afora?
não vejo necessidade nenhuma de tapas e pontapés. a necessidade é de leitura e de algum batom vermelho que dia nenhum terei eu. mas se ela me desse... e se eu decidir passar um café enquanto bombeio meus pensamentos nas caixas? seria essa uma boa resolução para tudo o que recauchuta o traseiro das pessoas comuns?
não vejo necessidade nenhuma de tapas e pontapés. a necessidade é de leitura e de algum batom vermelho que dia nenhum terei eu. mas se ela me desse... e se eu decidir passar um café enquanto bombeio meus pensamentos nas caixas? seria essa uma boa resolução para tudo o que recauchuta o traseiro das pessoas comuns?
talvez seja um momento de maior reclusão interior pelo qual o meu ente esteja passando e eu hei de entender que não será bom manter transações ou qualquer coisa assim meio horoscóptica. pergunte-me se sinto que é bom haver bolsos para as mãos nos casacos e calças que uso, se eu sou um ente-doente, se sou maluco, louco, doido de pedra, gagá...
a questão seria, então, se eu mantenho algum caso amoroso extra-conjugal? realmente você se interessaria se eu dissesse que eu nunca me apaixonei realmente por ninguém, mas que amo profundamente aquilo que eu mesmo criei dos outros? acredita se eu disser que eu vou-me embora, agora, para a casa dela para dizer-lhe que o chá acabou, que não existe mais água também, que eu pensei errado, que eu não devia ter ficado calado, no canto, estatelado no chão, pensando em Estrasburgo, um lugar que eu nunca conheci?
não, ninguém acreditaria em nada que eu dissesse se antes eu não proclamasse a minha interdependência completa das mulheres. se eu não falasse de amor por mulheres, se eu não desejasse mulheres, se eu não lesse mulheres, se eu não jejuasse mulheres, ou enfim, uma mulher que seja. um ser humano só é acreditável depois de ter contatos mais profundos com essas mulheres-objeto, essas prostituas-involuntárias que criaram para ser verdadeiros manequins, ou melhor, bonecas infláveis para descarregar toda a gosma juvenil que brota dentro de nós, homens.
isso sim é a verdade conjugativa da vida em sociedade. pois homens não são nada além do que seres livres e libertinos e, quanto às mulheres, coletivo de abajur. por enquanto.
e eu digo mais: nada.
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